sábado, 5 de janeiro de 2013

Trecho de Quem Me Roubou de Mim?, de Fábio de Melo


Seqüestro do corpo: a trama do esquecimento dos significados
O seqüestro do corpo é uma das mais cruéis modalidades contemporâneas da violência. Ritual de profundo desrespeito à condição humana, esta forma de seqüestro consiste em retirar uma pessoa do local de sua identificação, de seus significados, subordinando-a a um tratamento que tem por finalidade estabelecer uma fragilização, que resultará num estado de total dependência e rendição, em que o seqüestrador torna-se um legítimo proprietário da existência do seqüestrado.
O seqüestro do corpo é uma privação total e absoluta daquilo que chamamos de "horizonte de sentido". O nosso mundo, este particular, mas integrado ao grande mundo, está solidificado a partir de significados e significantes que constituem o nosso horizonte de sentido.
Sentido é tudo aquilo que atribui coerência, liga, orienta e estrutura. É a partir deste horizonte de sentido que pensamos, agimos, amamos, desejamos, vivemos. Somos e estamos estruturados a partir de realidades que significam, isto é, realidades que nos revelam e que condensam um poder de nos fazer avançar os territórios da existência, de irmos além.
Estes significados assumem os mais diversos formatos em nossa condição humana. Eles evoluem para a condição de valores e assim se tornam fundamentais para a qualidade de nossa atuação no mundo. Os significados qualificam nossa existência.
Essa gama de significados, de valores, ocupa espaços muito diferentes na vida das pessoas, de maneira que aquilo para uma pessoa é fundamental em termos de significado, para outra pode ser mero detalhe.
Na vida, estamos constantemente descobrindo o que nos faz buscar nossa inteireza. A metáfora é interessante e pode nos ajudar a compreender melhor: o mosaico é feito de partes; essas partes se conjugam e compõem uma única peça. São inúmeros e pequenos significados que constroem a trama do mosaico. A pequena peça é fundamental para a construção do todo, e por isso não pode ser negada, separada. Assim somos nós.
Se pensarmos no espaço humano em que vivemos como peças de um mosaico, nós entraremos no cerne dos significados que nos constituem; nós estaremos no coração de nosso horizonte de sentido.
Quando nos referimos aos significados, nós estamos tratando de realidades materiais e imateriais. Estamos falando do quarto onde dormimos, com nossos travesseiros e lençóis, mas também das pessoas que nos rodeiam e dos amores que nos despertam. O quarto nos identifica, mas os amores também. O horizonte de sentido é uma conjugação de inúmeros fatores. A cidade onde moramos, a história já vivida; a casa que nos abriga; os lugares que freqüentamos; os amigos que temos; as crenças que professamos; as relações cotidianas, enfim, tudo isso compõe o nosso mundo particular.
É a partir deste mundo que enxergamos o outro mundo, que não é somente nosso, mas também nosso, assim como o mirante proporciona ao observador a visão que só é possível a partir de sua posição geográfica.
Quando uma pessoa é seqüestrada, o primeiro rompimento se dá com a materialidade de seus significados. Não dormirá em sua casa, estará privada de seus sabores favoritos, de seus ambientes, coisas particulares, de seu travesseiro, de seus livros, de seus perfumes, de suas paredes. Será violentamente exposta a uma outra realidade que não a sua. O corpo sofrerá a violência de não poder ir e vir. Terá que obedecer às ordens do recém-chegado, daquele que até então não pertencia ao seu mundo. Uma pessoa estranha, que definitivamente não faz parte de seus significados, mas que agora lhe acorrenta o corpo e o faz experimentar uma privação para a qual não estava preparado.
O seqüestrador, inicia no seqüestrado um processo de privações extremamente doloroso. Ao ser afastado dos locais de sua identificação, e passando a viver num ambiente estranho, inóspito e distante de tudo que o realiza, o seqüestrado mergulha num profundo estado de solidão. Não se trata de uma solidão comum, dessas que experimentamos ocasionalmente, e que faz parte do cotidiano de todo mundo. Trata-se de uma solidão muito mais profunda, caracterizada como "ausência de si mesmo".
Ao ser afastado de seu mundo particular, e de tudo o que ele representa, o seqüestrado sente-se privado de ser ele mesmo. É como se ele tivesse sido levado para longe de tudo o que para ele faz sentido. O seu mundo não é o que agora lhe é oferecido. O cativeiro é a negação do seu direito de ser e estar. Esse profundo estado de ausência pode agravar-se com o tempo, e evoluir para o que chamamos de "esquecimento do ser".
O esquecimento do ser, realidade muito comum nos casos de seqüestro do corpo, é uma forma de aniquilamento de nossa condição primeira, nosso estatuto original, e que chamamos de identidade.
A identidade nos diz sobre nós mesmos. Diz a nós e aos outros. Há dois aspectos interessantes na identificação: uma afirmação e uma negação. Identificar-se é um jeito que a pessoa tem de afirmar o que é, mas é também um jeito de afirmar o que não é. Ao identificar-se a pessoa estabelece uma autenticação, mas também uma separação.
Ao dizer "eu sou isso", naturalmente estou dizendo também "que não sou aquilo que negaria o que sou". Parece jogo de palavras, mas não é. Ao identificar que sou Fábio, naturalmente estou dizendo que não sou Fernando. A identificação é também diferenciação, porque em toda afirmação há sempre uma infinidade de negações latentes.
Essa identidade necessita ser cultivada. Vivemos constantemente esse processo. O tempo todo reivindicamos o que somos, e também renunciamos o que não somos. Identidade estabelece limites, assim como os conceitos limitam a realidade. Limite que não pode ser considerado como negativo.
Limitar é delimitar o local do encontro. É um jeito que temos de não nos perdermos neste mundo de tantas coisas. O limite favorece a compreensão da realidade existente. Um espaço delimitado é um espaço encontrado, identificado. Ao identificar o que sou, assumo a legitimidade de minha natureza. Digo o que posso e também o que não posso. Por isso o limite é positivo. Ele me proporciona um agir coerente, porque me posiciona a partir do que sou e não do que eu gostaria que fosse.
No mundo dos objetos, isso é constante. Identificamos o tempo todo. Uma mesa é uma mesa e não pode ser uma porta. Pronto, o conceito identificou, diferenciou, limitou de forma positiva. Ninguém poderá condenar a mesa por não ser porta. Ela já está no limite do seu conceito. No mundo das pessoas, é a mesma coisa. Nossa identidade nos limita, não para nos empobrecer, mas, ao contrário, para nos favorecer o crescimento. Quem sabe bem o que é e o que não é terá mais facilidade de explorar suas possibilidades, uma vez que os limites já estão apreendidos também. Apreender e conhecer os limites que se tem é um jeito interessante de potencializar as qualidades que nos são próprias.
Portanto, ao negar a identidade de uma pessoa, todas as suas potencialidades ficam fragilizadas. É por essa razão que o seqüestro do corpo é uma agressão contra a identidade da pessoa, porque a confunde profundamente a respeito daquilo que ela pode e daquilo que ela não pode. É uma forma de provocar um esquecimento do que se é.
Ao ser retirada de seu horizonte de sentido, a pessoa tem negados todos os seus elementos de identificação no mundo e com o mundo. Dessa negação nasce a ausência de si mesmo: uma forma de este estar sem estar, de viver sem viver. Trata-se de uma forma terrível de desolação, desespero e angústia. O corpo, privado de tudo o que lhe faz feliz, vive o limite de não ter o que buscar para nutrir-se de alegrias e descanso. Ele perde a capacidade de identificação, uma vez que está privado de seu espaço.
Fora de seu horizonte de sentido, o corpo adoece, perde a vitalidade; sofre na carne a saudade de tudo o que o completa e o faz ser o que é. Privado de sua liberdade, o corpo sofrerá os limites que desencadearão a condição de vítima.
"Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O ‘não ser está no avesso do ser’, assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas complementando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos."

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  • Autor: Padre Fábio de Melo
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sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Professor, Marco antonio, meu mestre adorado!  30/11/2012

Escrevi o artigo abaixo em 2008.
Para meu desalento, parece que estamos caminhando numa esteira rolante...
Milabraços...
Marco Antônio
29/11/2012



CONSELHO DE CLASSE E SÉRIE: UMA PEDRA NO CAMINHO

Das outrora sólidas torres da educação só restam escombros. Urge realizar a ingente tarefa de refazer tudo. É tempo de reconstrução urgente, realista, inteligente do edifício educacional brasileiro.
Samuel Pfromm Netto — pedagogo, psicólogo, historiador e professor.
(trecho extraído de artigo publicado no Estadão, em 5/12/2007)

A crise de qualidade que tem assolado a rede pública de ensino apresenta uma deformação crônica, de cuja solução dependerá o sucesso de quaisquer políticas voltadas para a regeneração desse tecido carcomido por décadas de desmando.
Trata-se dos famigerados critérios de análise e decisão adotados pelo Conselho de Classe e Série, no final de cada ano letivo.
Alunos reprovados em quatro ou cinco disciplinas, sabidamente negligentes e descomprometidos com suas obrigações elementares de participar das atividades prescritas pelos professores, são promovidos como num passe de mágica, desmoralizando todo o trabalho pedagógico de quatro longos e exaustivos bimestres.
Que espécie de lição de vida tais indivíduos levam da escola?
Não estaríamos formando pseudocidadãos?
Não seria essa uma das grandes porteiras da impunidade, o princípio gerador da corrupção, que grassa em todos os níveis da sociedade brasileira?
E a formação do capital humano, saída única para que o país atinja patamares decentes de desenvolvimento, em face das exigências do mundo contemporâneo?
Três aspectos emergem desse estado de coisas:
I) Os alunos responsáveis, cumpridores de seus deveres, se veem nivelados por baixo, sentindo-se equiparados, na reta de chegada, aos seus colegas negligentes. É como se, numa competição, os últimos colocados dividissem o pódio com os primeiros, com direito ao banho de champanhe.
II) Nada existe mais desalentador para um profissional do que ver subestimada a importância de seu trabalho.
Pois é esse o sentimento de um professor, ao saber laureado com a promoção aquele aluno que nem abria o caderno na sala de aula, era usuário contumaz de celular e mp3, perturbador da ordem, tipo que fazia da escola o botequim da esquina, sem nenhum compromisso com os estudos.
Eis aí o porquê da mediocridade intelectual de considerável contingente de jovens egressos da escola pública.
III) Por conta dessa prática decisória, não atrelada à qualidade de contornos nebulosos, apesar de legalmente amparada pelos não menos cavernosos meandros da progressão (?!?!) continuada alunos com tacanhos conhecimentos de português e matemática podem ir passando ilesos, incólumes ao longo dos onze anos oferecidos pela rede, sem serem molestados pelo sistema — um autêntico genocídio intelectual.
Depois, as autoridades do ramo ficam cheias de melindres, quando se noticia que o jovem brasileiro não sabe ler e interpretar, não é capaz de redigir textos de boa qualidade, não sabe utilizar conceitos na solução de problemas triviais de matemática, o que tem colocado nossos jovens aprendizes muito aquém dos índices de países onde a Educação é tratada como fator de sobrevivência na aldeia global.
Enquanto não mudarmos os critérios de promoção, enquanto os educandos não tiverem a obrigação de apresentar índices mínimos e quantificáveis de rendimento, se não houver transparência e compromisso com qualidade nos nossos viciados conselhos de classe, enquanto não restabelecermos o mérito do saber, vai ser impossível transformar o sapo em príncipe, vamos conviver com toda sorte de malefícios, condenados a arder na fogueira dos nossos desatinos pedagógicos.
Essa reflexão vem à baila, quando as autoridades do ensino preparam mais uma ofensiva de impacto, na tentativa de melhorar a qualidade do trabalho educacional.
Mais uma vez, estão apostando todas as fichas nos professores, desprezando o sábio princípio, segundo o qual contratos estabelecem deveres e direitos de contratantes e contratados, como colunas de sustentação do edifício social.
Por uma questão de justiça com o suado dinheiro do contribuinte, já passou da hora de “a outra parte” prestar conta de seus deveres.
O futuro da Terra Brasilis ficaria muito grato.

Marco Antônio
Janeiro, verão, 2008.
e-mail marcvel@terra.com.br


quinta-feira, 15 de novembro de 2012


 Educador precisa de autonomia

O Educarede publicou entrevista e palestra com Nelson Preto, da UFBA, “O papel das novas mídias na Educação: professor e aluno como autores”. Partilho da mesma opinião que o professor quando ele afirma que o papel da escola é produzir conhecimento, de forma cooperativa e não simplesmente consumir informações. Dessa forma, não podemos mais falar hoje em padronizar a educação, imaginar um conteúdo fechado, determinado de cima pra baixo. Professor tem que ter autonomia, precisa ser "autor" e não "ator", afirma Pretto. Já dizia Freire, Vigotsky, Piaget e outros grandes educadores que a aprendizagem ocorre na interação com o meio social. Não podemos então desvincular as experiências educativas na escola das vivências do aluno na sociedade. É inaceitável que em pleno século XXI ainda haja quem defenda a produção em massa de um monte de alienados nas escolas, que sejam treinados para atender às exigências da sociedade de consumo. Não há como desenvolver a criatividade , estimular o potencial individual e o respeito às diferenças, senão aprendendo de forma cooperativa, aberta, abrindo a escola para o mundo. Não há como formar uma sociedade justa sem o respeito a essas diferenças, portanto padronizar a educação é o mesmo que negar o direito à cidadania plena. Nesse sentido, o uso das tecnologias não pode ser visto como mais um artifício de modernidade, onde por trás a lógica da transmissão e consumismo de informação continua a mesma. O que precisamos é criar uma política de cooperação, onde através da tecnologia o aluno e o professor possam "criar" utilizando as informações disponíveis, pessoas e instituições além dos muros da escola que possam agregar conhecimento através de trocas mediadas pelo professor. Ouça a palestra na íntegra aqui.
Em contrapartida, o jornal Zero Hora publicou dia desses uma entrevista com a Sra. Secretária de Educação do Estado do RS: "As escolas precisam prestar contas", onde ela explica a nova política adotada com a educação da escola pública aqui no meu estado. Destaco aqui parte das declarações fornecidas: "Quando o Rio Grande do Sul tinha a melhor qualidade de educação no Brasil, no início dos anos 60, tinha duas coisas que caracterizavam o funcionamento da rede estadual de ensino. Uma, um serviço de inspeção escolar. O inspetor trabalhava na secretaria, na coordenadoria, mas visitava periodicamente as escolas e verificava se os registros escolares estavam corretos e obedeciam à legislação. ...E aquela lista de chamada onde o professor tem que colocar assim: "dia 3 de março, aula de português, crase", "dia 15, aula de português e exercícios sobre a crase". O inspetor escolar também conferia isso, se os registros escolares estavam corretos e se os conteúdos programáticos estavam sendo desenvolvidos adequadamente. A avaliação final, a prova final de cada série era elaborada na Secretaria da Educação e chegava às salas de aula em pacotes lacrados, como chegam as provas do vestibular, ou da Prova Brasil. Só que não era para avaliar a escola, como a gente faz hoje, mas para avaliar o aluno. O aluno, para passar de ano, tinha de passar na prova feita na SEC. E os professores tinham de desenvolver os conteúdos curriculares definidos pela secretaria, porque tinham de preparar seus alunos para passar na prova da SEC."
Queridos leitores, espero que eu tenha me equivocado na interpretação que fiz desse texto. Leia na íntegra aqui. Abaixo, o vídeo do professor Nelson Pretto.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Crônica - escrito por Cecilia Luiza Augusto - Grupo 5

Que alívio!
                                                                          
De repente abre os olhos, tudo era muito estranho, e sombrio, ninguém em casa, consultou o relógio... meia noite , soou o sino , que lugar era aquele , não sabia o que estava acontecendo , caminha até a porta do quarto , e quando destranca-a que horror ! Havia uma mulher caída, era conhecida: Que desgraça! Correu os olhos em torno, ficou muito assustado, mas por outro lado ficou aliviado em ver a sogra caída, foi então que correu para pegar o telefone, mas ligar para quem?  Então ligou para a central da polícia para avisar que a sogra estava morta, mas antes ela já havia  matado  a todos os parentes. Ela não tinha que  dividir a grana que  ganhara  na loteria, só que não aguentou de emoção, de ficar com a grana toda só para ela; a desgraçada enfartou .Ficou rico!

sábado, 27 de outubro de 2012

CRÔNICA DE LUIZ VERÍSSIMO

Este foi o primeiro texto "publicado" pelo embrionário 
Projeto Releituras, no dia 23 de maio de 1996.




O Apito
Luis Fernando Verissimo

Tudo o que o Mafra dizia, o Dubin duvidava. Eram inseparáveis, mas viviam brigando. Porque o Mafra contava histórias fantásticas e o Dubin sempre fazia aquela cara de conta outra.

— Uma vez...

— Lá vem história.

— Eu nem comecei e você já está duvidando?

— Duvidando, não. Não acredito mesmo.

— Mas eu nem contei ainda!

— Então conta.

— Uma vez eu fui a um baile só de pernetas e...

— Eu não disse? Eu não disse?

O Mafra às vezes fazia questão de provar as suas histórias para o Dubin.

— Dubin, eu sou ou não sou pai-de-santo honorário?

O Dubin relutava, mas confirmava.

— É.

Mas em seguida arrematava:

— Também, aquele terreiro está aceitando até turista argentino...

Então veio o caso do apito. Um dia, numa roda, assim no mais , o Mafra revelou:

— Tenho um apito de chamar mulher.

— O quê?

— Um apito de chamar mulher.

Ninguém acreditou. O Dubin chegou a bater com a cabeça na mesa, gemendo:

— Ai meu Deus! Ai meu Deus!

— Não quer acreditar, não acredita. Mas tenho.

— Então mostra.

— Não está aqui. E aqui não precisa apito. É só dizer "vem cá".

O Dubin gesticulava para o céu, apelando por justiça.

— Um apito de chamar mulher! Só faltava essa!

Mas aconteceu o seguinte: Mafra e Dubin foram juntos numa viagem (Mafra queria provar ao Dubin que tinha mesmo terras na Amazônia, uma ilha que mudava de lugar conforme as cheias) e o avião caiu em plena selva. Ninguém se pisou, todos sobreviveram e depois de uma semana a frutas e água foram salvos pela FAB. Na volta, cercados pelos amigos, Mafra e Dubin contaram sua aventura. E Mafra, triunfante, pediu para Dubin:

— Agora conta do meu apito.

— Conta você — disse Dubin, contrafeito.

— O apito existia ou não existia?

— Existia.

— Conta, conta — pediram os outros.

— Foi no quarto ou quinto dia. Já sabíamos que ninguém morreria. A FAB já tinha nos localizado. O salvamento era só uma questão de tempo. Então, naquela descontração geral, tirei o meu apito do bolso.

— O tal de chamar mulher?

— Exato. Estou mentindo, Dubinzinho?

— Não — murmurou Dubinzinho.

— Soprei o apito e pimba.

— Apareceram mulheres?

— Coisa de dez minutos. Três mulheres.

Todos se viraram para o Dubin incrédulos.

— É verdade?

— É — concedeu Dubin.

Fez-se um silêncio de puro espanto. No fim do qual Dubin falou outra vez:

— Mas também, era cada bucho!

A crônica acima foi extraída do livro "Outras do analista de Bagé", L & PM Editores - Porto Alegre, 1982, pág. 15.
 
A vida e a obra de Luis Fernando Veríssimo estão em "Biografias".
 
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© Projeto Releituras — Todos os direitos reservados. O Projeto Releituras — um sítio sem fins lucrativos — tem como objetivo divulgar trabalhos de escritores nacionais e estrangeiros, buscando, sempre que possível, seu lado humorístico,
satírico ou irônico. Aguardamos dos amigos leitores críticas, comentários e sugestões.
A todos, muito obrigado. Arnaldo Nogueira Júnior.
 ® @njo

domingo, 21 de outubro de 2012

LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DIGITAL

Ensinar com  a Internet

"O acesso á Tecnologias da Informação e Comunicação, sobretudo à Internet, é hoje imprescindível para o desenvolvimento da leitura e escrita. Não se trata somente de mudar a caneta tinteiro para esferofráfica, como aconteceu no passado, ou trocar o teclado da máquina de escrever pelo do computador. Trata-se de ter acesso a uma grande quantidade de informação e de oportunidade de comunicação, sem as quais fica difícil formar o cidadão contemporâneo. Como em outros espaços letrados, o leitor/escritor do mundo digital necessita desenvolver competências leitoras e escritoras específicas, significativas nessa forma de comunicação.
No caso da leitura, por exemplo, o hipertexto, que é uma característica fundamental da Internet, exige maior facilidade de buscar informações.
No caso da escrita, há dois aspectos a se levar em conta, a reflexão sobre estas questões deve considerar as diferenças entre a escrita drealizada nas comunidades síncronas e assíncronas."

Educarede - Professora Heloísa Amaral, mestre em educação e Editora de Comunicação Ler e Escrever o futuro. 

MINHA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DIGITAL

Não há como negar que a prática de leitura possa ocorre de uma hora para outra, mas no decorrer de toda uma vida, depende é claro, das condições que cada indivíduo dispõe desse recurso.
A necessidade de se criar o gosto pela leitura trará sim imensos benefícios que tornarão o indivíduo agente ativo no processo de interação, criatividade, etc...
Portanto, ler não deve ser algo que seja flexível, mas sim prazeroso, instigante, emocionante e que avalie o indivíduo no desenvolvimento de suas habilidades...
Tenha sempre o hábito de ler, que seja uma revista, um gibi, um jornal ou até bula de remédio, mas leia sempre!!!